sexta-feira, 23 de setembro de 2011

They...

"They" never tell you what is important to be told...

What matters and what doesn't. They never tell you how beautiful the world is. How wonderful or challenging it is. And they never tell you how small you are in this giant Universe. But it doesn't matter how small or weak you are... you can always face your destiny and change whatever doesn't suit you. It's your own fuckin' life after all. And that facing this challenging world makes you a little bit bigger every time. That giant Universe can actually be reached with one single step. You just need the balls to start walking. And then, then you can find yourself anywhere you want.

They never tell you that the old white-bearded guy in the red suit in December, that were the reason for your good behavior in the last few months, is actually a "pretend to be funny" uncle that gets fatter every year. They never tell you how important is to play with your friends on the streets next home, running around the whole day long. They never tell you how the 70's has the best music that could be invented. And how good you feel when you play your first song on the guitar. And not even the crazy shit is the first live concert of your life. They never tell you the feeling you have when get your first Driver's License. Or gets drunk for the first time.

They never tell you that love can be the worst feeling ever. But you are always gonna need it. And is always gonna look the best to you. Love is gonna come to you in a second, for some stupid reason, and then you are fucked. And that's pretty much it. No matter how strong or protected you are, is gonna drag you down and make you forget about everything around. They never tell you you are gonna love more than once. And that second chances are really rare, so you should go for your first ones with no fear. And that promises must be kept. So don't promise, unless you are gonna do it. They never tell you how easy is to live when you are not afraid. When you just do whatever you want the others to do to you. And that a smile means more than anything else.

They never tell you what to say to someone when is the last time you are gonna see each other. What you should say when someone you love is dying. Or how to say goodbye to someone you might never see again. That "see you later" sometimes is not enough. And that some words should be said more often than they are. And some feelings should be more important than anything else. And in the end, all you need is love.


"They" never tell you what is important to be told... So just live. And find out yourself.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Monocromáticas...

Abro os olhos com a pouca claridade que começa a entrar no quarto pela fresta aberta da cortina. Lanço um olhar para o teto, cuidadosamente pintado, carregado de orgulho. O rádio liga na hora exata marcada e preenche meus ouvidos com uma música, dona de uma serenidade raramente encontrada. Meu corpo acompanha o movimento dos sons e em alguns segundos me levanto, ligo o chuveiro e sinto água quente escorrer pelo corpo por poucos, mas longos minutos. Me seco, visto e olho meu reflexo no espelho admirado. Sinto o forte de cheiro do café, trazido especialmente de uma montanha na Colômbia, sendo triturado e preparado na máquina. Acendo um Marlboro vermelho e sinto o gosto forte do tabaco secar minha garganta para logo depois o café resolver o problema. Sinto coisas demais em tempo de menos.

Chego no escritório e vejo toda a exatidão que gira em torno de mim, com as roupas alinhadas, os cabelos cortados, os rostos barbeados, as pastas, os cartões, tudo de uma maneira tão cartesiana que faz com que eu perceba que com o passar do tempo, eu tenho me tornado uma parte idêntica a todas as outras desse sistema pobre e alienado que eu sempre odiei mas insisti em aprender a me adaptar. E percebo também, que apesar de repugnar todo esse sentimento, eu meio que o amo. Amo a comodidade de ser alguém, mesmo que igual a todos os outros e todas as facilidades e futilidades que isso me proporciona.

O almoço não é muito diferente das últimas horas e muito menos das próximas, e logo o céu claro vai dando lugar a uma escuridão cada vez mais envolvente. O ar frio que começa a tomar conta dos meus pulmões parece mudar cada pedaço da minha personalidade, cada centímetro da minha alma. E quando eu olho para o céu totalmente tomado pela escuridão percebo que tudo que eu sentia antes, se torna obsoleto e ultrapassado. Tudo é novo e diferente.

Ando pelas ruas escuras abarrotadas de gente até ficarem vazias. Ando pelos becos silenciosos, só pra sentir a adrenalina e o perigo que só a escuridão te proporciona. Atravesso as ruas desertas sem nem me preocupar em olhar para qualquer um dos lados. Tudo se torna indiferente, inexpressivo, inconsequente, perto da minha liberdade.

A serenidade de antes dá lugar a inconstância e os sentimentos se confudem e se misturam inexplicavelmente. Ficar em pé se torna cadê vez mais difícil. As linhas ficam cada vez mais tortuosas e inconstantes. Os reflexos no vidro fogem a sua natureza e se movem independente de qualquer coisa. Quebro os vidros, mas não quebro os reflexos. E meu corpo não responde a mais nenhum comando. As cores vão se reduzindo continuamente, até só sobrar o preto e o branco. E o que antes era branco, agora é preto. Assim como o sangue que escorre da minha mão, cortada pelo vidro. Tudo parece mudar a cada instante. Tudo muda a cada instante. Mudo coisas demais em tempo de menos.

E em meio a tantas mudanças, volto para o início, para as paredes pintadas, para o som sereno, para o calor, para o aroma, para o cigarro. Volto para onde estava e tento mudar tudo, ao invés de mudar a mim mesmo. E mudo a música, mudo a bebida, mudo o cigarro, pinto as paredes com o preto do meu sangue até ficar exausto de tantas mudanças e cair inconsciente na cama. E após tantos anos de igualdade, tudo muda de repente. Mudo coisas de menos em tempo de mais.

Abro os olhos com a pouca claridade que começa a entrar no quarto pela fresta aberta da cortina. Lanço um olhar para o teto e esboço um sorriso ao ver o vermelho desorganizado espalhado pelas paredes do quarto...

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Dúvidas e Devaneios...

Vejo as chamas consumindo lentamente a madeira seca na lareira e penso em tudo que vem acontecendo... A claridade na sala de estar é calma e aconchegante, o suficiente para trazer a tona sentimentos e dúvidas propositalmente oprimidos. Acendo um cigarro, fecho os olhos e penso em tudo o que vem acontecendo... Fecho os olhos e tento me lembrar...

Ouço o som da chuva caindo lá fora e tento me lembrar dos sonhos que tenho tido ultimamente... Eu tenho sonhos que não consigo lembrar. Ou que prefiro não lembrar, nunca sei ao certo. Ultimamente tenho andado em dúvida sobre o que é sonho e o que é realidade. Começo a pensar nas coisas reais, ou que parecem reais. Penso em olhares, em sorrisos, em sentimentos, que se não são reais, ao menos fazem parte da realidade. Da minha realidade...

Sinto o cheiro da terra molhada e mais dúvidas consomem meus pensamentos... Dúvidas, dúvidas, dúvidas. Começo a duvidar da minha própria existência e da existência de tudo ao meu redor. E começo a duvidar de olhares, sorrisos e sentimentos. Começo a duvidar da minha realidade...

E cansado de ser consumido por dúvidas e incertezas, resolvo agir. Sem dúvidas dessa vez. Olho para o lado e vejo um copo cheio até a metade. Não penso. Jogo o copo no chão e vejo o vidro se espalhar pelo chão da sala. Pego um pedaço, grande e cortante o suficiente, e antes de duvidar de sua existência, aperto contra meu braço e faço um profundo corte. Vejo o sangue escorrendo, colorindo os transparentes cacos de vidro. Ouço o som das gotas caindo, criando uma sinfonia mórbida em meus ouvidos. Sinto o cheiro de sangue tomando conta da sala. E percebo, sentindo tudo, que não sinto nada.

O cigarro queima minha mão e abro os olhos repentinamente. Alguns minutos se passaram e eu nem percebi. Olho para o meu braço e o vejo intacto, sem o corte feito segundos antes. Olho para o lado e vejo o copo cheio até a metade, como estava antes de ser quebrado. E assumo que tudo não passou de um sonho.

É quando olho pra baixo e vejo um pedaço de vidro quebrado, colorido por um vermelho escarlate. E antes que consiga pensar em qualquer coisa, o recolho e jogo no lixo. Chega de dúvidas por hoje.

Eu tenho sonhos que não consigo me lembrar. Ou que prefiro não lembrar.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Sobre Abóboras, Ratos e Sapatos...

Poucos sabiam de sua existência. Ficava trancafiada no quarto, com seus livros estranhos e sempre falando sozinha. Não tinha amigos e pouco se importava com isso. A "família" já não lhe dava mais tanta importância. Afinal, ela deixava claro, sempre que possível, que aquela não era e nunca seria sua família.

Sua mãe morrera no parto. Dela, as únicas coisas que restaram, foram os milhares livros guardados no seu quarto, os quais só ela sabia do que se tratavam, e a fama de ter conseguido o marido através de um antigo ritual demoníaco, passado por gerações no ramo feminino de sua família, que lhe custara a alma. O pai, um rico comerciante, morreu anos após o segundo casamento, quando ela não passava de uma simples criança. Mas sua ausência após a morte era pouco diferente de sua ausência em vida e isso fez com que ela se acostumasse, desde sempre, com a solidão.

Fora criada pela madrasta e suas 2 filhas. Mas o seu temperamento arisco e sua personalidade forte acabaram desgastando qualquer tentativa de relacionamento com as mulheres da casa. E pouco a pouco ela foi se isolando de tudo e de todos, até chegar o ponto de ficar trancafiada no quarto, ao ponto de ninguém saber o que ela fazia ou do que gostava. E ela estava bem assim.

Ninguém fora daqueles muros sabia como era o rosto da filha da bruxa. E nem precisava saber. Os dias, os meses, os anos passavam e ela continuava trancafiada no quarto, entretida nos livros da mãe. Até "aquele" dia.

Naquele dia ela completava seu décimo-oitavo aniversário. Naquele dia ela se tornava capaz de colocar em prática qualquer um dos ensinamentos dos velhos livros da mãe. Ela passara dezoito anos esperando esse dia. E esse dia finalmente tinha chegado.

Destrancou o quarto, foi até a cozinha e pegou uma abóbora. Trouxe-a de volta pro quarto e colocou seus ratos (sim, ela criava ratos no quarto, e os considerava seus "amigos") na abóbora, acendeu algumas velas e leu um dos velhos livros. Após alguns minutos recitando um velho poema em latim, uma fumaça densa tomou conta de seu quarto. A luz do Sol cessou e parecia que o tempo havia parado lá dentro. E no meio de tanto mistério, só se destacavam 2 olhos vermelhos brilhando através da densa fumaça na escuridão.

Não. Não existia fada-madrinha pra ela. E em pouco tempo (ou muito tempo, já que naquela dimensão criada na atmosfera do próprio quarto o tempo simplesmente não passava) ela selava seu acordo. Afinal, algumas almas eram um pequeno preço a pagar pela conquista de todos seus desejos e toda sua liberdade.

Naquela noite ela saira de casa pela primeira vez em anos. Fora a um aniversário de dezoito anos. Poderia ser o dela, mas não era. E enquanto andava pelas ruas em direção ao baile, vestidos e sapatos de couro, cabelos negros como a noite, e pele branca como a lua, foi observando os olhares atentos e hipnotizados sobre ela.

E dançou como nunca havia dançado. E conquistou como nunca havia conquistado. E entre essas danças e conquistas, achara seu "príncipe" que se tornara encantado após conhece-la. E foi embora a meia noite, como mandava o figurino. Não sem antes esquecer o sapato, não de cristal como nos contos de fada, mas de couro, pra combinar com sua personalidade.

E claro que seu príncipe buscou a dona do sapato. E claro que achou. E claro que acabaram se casando e se mudando pra uma mansão em algum lugar afastado de tudo. E claro que tudo terminou bem para a "mocinha" do nosso conto.

E quanto a madrasta e as irmãs?! Bom... aqueles olhos vermelhos não costumavam fazer acordos de graça...


_________


Porque contos de fadas podem ser mais sombrios do que parecem...

Voltando a postar. Ou não.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Pensamentos...

Eu me lembro bem da primeira vez que a vi. Seu olhar, o qual se mostraria diversas vezes perdido, transmitia uma sensação de segurança e satisfação de estar no lugar que estava. Orgulhosa de si, de suas conquistas e das recompensas que elas trouxeram pra sua vida. Tudo parecia ter finalmente se encaixado naquela confusa e agitada vida.

A primeira impressão que ela passava era de ser uma mulher de personalidade forte, determinada, diferente de todas e orgulhosa disso. Provavelmente eram os cabelos que causavam essa impressão, em certas partes verdadeira, diga-se de passagem. Cabelos esses de um vermelho tão forte e intenso que assustavam ao primeiro olhar, mas apaixonavam aos olhares seguintes. Ela sabia disso e usava, mesmo que inconscientemente esse poder de atração, de Femme Fatale, ao seu favor.

Tudo, pela primeira vez em anos, parecia estar no lugar onde sempre deveria estar. As brigas de família já não tinham tanta importância quanto antes. As brigas com o namorado muito menos. Aliás, que namorado?! As cobranças, as pressões, o que antes a enchia de angústia, tinham dado lugar aquela sensação de segurança que ela transmitia no olhar. Tudo, pela primeira vez em anos, parecia estar no lugar onde sempre deveria estar.

Mas como nem tudo são rosas (mesmo que aquelas rosas combinassem com seus cabelos), aquela sensação de segurança ia dando lugar a dúvidas e incertezas. Aquelas velhas dúvidas e incertezas que a faziam querer fugir, de tudo e de todos e ficar, pelo menos por instantes, em um mundo só dela e de mais ninguém. Mais uma vez, seu mundo saia do lugar quando ela achava que a situação estava sob controle. E ela, mais uma vez, não sabia o que fazer.

E pensava. Pensava em todo o caminho percorrido. Pensava em tudo que vivera até aquele momento. Pensava no tempo que ela desperdiçara e no tempo que ela continuava desperdiçando. Fosse por falta de coragem de mudar ou mesmo por acomodação. Pensava na vida como um todo. E de tanto pensar, chegou a conclusão que tudo, mais uma vez, ia acabar em pensamento.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Pingos de Amor...

"Meu amor. Eu continuo esperando ouvir sua voz do outro lado. Meus dedos já estão gastos de tanto repetir o seu número naquele velho telefone de roleta. Eu vejo os dias passando através da janela, mas mal consigo me mexer. Tudo foi tão rápido que nem deu tempo de agir.

Eu me pergunto se eu não vou mais ouvir sua doce voz outra vez. Será que tudo foi por água abaixo?! Será que tudo acabou assim, de uma hora pra outra?! Será que eu não merecia ao menos uma chance de te explicar?! Será que logo você, tão madura, tão certa de si, ia agir feito uma criança imatura e se isolar no seu próprio mundo?!

Eu não consegui te dizer, mas no dia que você partiu, eu resolvi andar pra tentar entender. Lembra aquela praia que a gente costumava ir nas madrugadas de sábado?! Aquela maré alta, aquela areia macia, aquela lua cheia iluminando o céu. Tudo aquilo me fez lembrar o seu sorriso, a sua força, o nosso amor. Não é possível que tudo acabe assim, tão de repente...

O telefone continua chamando e você não atende. Mas eu não desisto, e você sabe disso. Nada vai me fazer esquecer aquela promessa que você tinha me feito, lembra?! Hoje era o dia que a gente tinha tanto esperado, e eu ainda espero que você volte a ser o que você era antes de tudo isso. Eu ainda espero que aquela promessa seja realizada hoje.

Bom, como você não atende, ao menos leia essa carta, que eu estou deixando debaixo da sua porta, vou pro lugar que a gente combinou antes. Espero que as letras que ficaram borradas pelas minhas lágrimas não te impeçam de ler o que eu escrevi. Você sabe onde me encontrar.

Está chovendo cada vez mais lá fora. E está chovendo cada vez menos aqui. As lágrimas e os pingos se transformam em uma só gota. Está chovendo pingos de amor..."


_________________________________________

Sem tempo pra internet, por isso a ausência. Quando der, volto com força total. Por enquanto, isso é tudo. Enjoy!

domingo, 24 de agosto de 2008

Valsas e comprimidos...

O tempo tinha passado depressa demais pra linda menina que bailava ao som das mais belas valsas. A pureza do olhar, a delicadeza dos gestos, a doçura da voz, tinham ido embora com o passar dos anos. Duros anos, que transformaram aquela delicada amante da arte em uma forte e determinada mulher de negócios.

Aquelas belas valsas que tocavam na vitrola de sua avó quando ela era mais nova, foram trocadas por desafinadas buzinas, milhares de vozes que tentavam uma sobressair sobre a outra, e diversos comprimidos para enxaqueca. Ela sentia falta daquelas melodias perfeitas, mas seu tempo livre era tão raro, que nem as melhores lembranças de sua infância arranjavam um lugar nele.

Aliás, ela acabava de se repreender por se pegar cantarolando, mais uma vez, aquela valsa, do segundo espetáculo que ela tinha feito quando criança. Essas distrações estavam se tornando cada vez mais comuns, mesmo ela fazendo de tudo para esquecer dessa nostalgia "estúpida" (pelo menos era o que ela dizia a si mesma para se convencer) e voltar aos negócios. Fazia muito tempo que ela trabalhava para conseguir esse importante projeto e não ia deixar nada atrapalhar. Nada.

Rascunhos e projetos na sua frente. Notas e melodias na mente. Água e remédios na mesa. Lembranças e valsas na cabeça. A caneta sendo usada cada vez mais forte. A música tocando cada vez mais forte...

Ela queria fugir. Talvez todos queiram fugir, mas poucos tenham coragem pra isso. E ela, os olhos viajando entre os comprimidos e as chaves, se indagava se teria a coragem necessária para abandonar tudo. Ela sabia que era um caminho sem volta. Se fosse embora naquele momento, sabia que uma nova vida começaria, e tudo que fora conquistado até o momento ficaria pra trás.

Os olhos continuavam viajando. Comprimidos, chaves, indecisão, atitude, certo, duvidoso. Os olhos pararam por um momento. E o brilho do metal das chaves era refletido no brilho do seu olhar. A decisão estava tomada. Já passava da hora de escolher.

Num brusco movimento, sua mão direita parou sobre o molho de chaves. A mão esquerda, livre, serviu para abrir a gaveta ao lado. Guardou a chave lá dentro, pegou o copo d'água, um comprimido para enxaqueca e engoliu. Um talvez fosse pouco, então engoliu outro, só por garantia.

Sorriu, por se achar tão idiota ao ponto de cogitar a idéia de largar tudo. Ela sabia que nunca faria isso. Seu passado de bailarina não passava disso. De passado. As valsas aos poucos iam cessando. O som dos rabiscos nos papéis foi tomando o ambiente. A bailarina não bailava mais. Pelo menos não as velhas valsas...

domingo, 13 de julho de 2008

Girassóis...

Ela tinha passado a tarde toda deitada, sentindo o forte aroma de chão batido misturado ao leve perfume daqueles girassóis, e ouvindo o silêncio (daqueles que conseguem ser ouvidos, mesmo que só por algumas pessoas) que a muito tempo ela almejava ouvir. Parecia que aquele lugar fora feito exatamente pra ela, e ela, como uma pessoa que acaba de receber o melhor dos presentes, aproveitou cada minuto possível naquele lugar.

Dizem que os Girassóis surgiram após uma linda moça se apaixonar pelo Deus Apolo e acompanhar seu trajeto pelos céus, dia após dia, até se tornar a flor. Mas ela nunca acreditava em histórias, fossem reais, fantasiosas ou as ambas juntas. Talvez pelas desilusões com as suas próprias histórias (fossem elas de amor ou de aventura), só os fatos reais importavam. Histórias não passavam de sonhos agora. Daqueles sonhos que não são sonhados, diga-se de passagem...

Mas passar a tarde toda deitada em um campo de girassóis, apreciando a beleza do Sol (que era observado e até mesmo julgado por aqueles belos e questionadores olhos negros) e de suas admiradoras amareladas, é algo que faz até mesmo a mais cética das pessoas, acreditar em alguma coisa. Nem que seja numa simples história ou num grande sonho (ou talvez em ambos). E ali, no meio daquela imensidão de cores vibrantes, ela acreditou. Não sabia ao certo em que (ou em quem), mas algumas histórias passavam a fazer sentido (mesmo que não fizessem sentido algum).

O vento aumentava a medida que Apolo cavalgava pra longe, pro outro lado. Ela agora acreditava em Apolo e acreditava em Girassóis. E mesmo sem saber, acreditava naquelas velhas histórias de amor. E talvez tenha sido isso que tenha colocado aquele sorriso satisfeito no rosto dela. E definitivamente foi isso que transformou aqueles questionadores olhos negros em olhos repletos de certeza e ardor.

Ela se levantou. Já era tarde, e Apolo já tinha levado sua carruagem para outro lugar. A Lua surgia imponente no céu limpo, sem estrelas. Ela sabia que tinha muito a aprender e a acreditar ainda, e que essa mesma Lua ia ajudar nessa tarefa. Mas não naquele dia. Ela já tinha acreditado demais...
___________________________________________________________________

Dedicado a Vabz Queiroz. Porque as vezes Gérberas se transformam em Girassóis ;)


Blog com nome novo!