terça-feira, 27 de novembro de 2007

Gita

"Eu sou a luz das estrelas
Eu sou a cor do luar
Eu sou as coisas da vida
Eu sou o medo de amar"

É com esse pequeno trecho da música Gita de Raul Seixas que eu vou começar o texto de hoje. Mais precisamente com a última estrofe. "Eu sou o medo de amar". O que seria o medo de amar, caro leitor? Você já parou pra pensar nisso? Pois eu já...

Desde que o mundo é mundo, desde que o primeiro ser vivo surgiu, o medo está aí. Seja o medo do mais forte, o medo da chuva, do escuro ou de altura, ele está presente. Seja o medo da morte ou o medo da vida, ele assombra todo e qualquer ser vivo. Mas existe um medo que é único, pra nós, seres humanos. O medo de amar.

Amor. Do latim amore. Afeição que nos impele para o objeto dos nossos desejos. Medo. Do latim metu. Receio de alguma coisa. Então, "medo de amar" seria o receio de correr atrás do que (ou de quem) a gente quer. Talvez pela possibilidade de decepção e sofrimento, nós muitas vezes deixamos o medo tomar conta da gente, e deixamos de ser felizes, "só" por não enfrentar aquilo que nos assusta.

É incontável o número de pessoas que deixaram de ser felizes pelo simples fato de não enfrentar esse medo. A possibilidade de se machucar no futuro, faz com que você se feche para qualquer coisa que não seja certa. Já dizia o ditado: "É melhor prevenir do que remediar". Pois eu digo, é melhor viver do que se arrepender.

A vida é curta demais pra ficarmos pensando nos diversos "se". E muitas vezes, esses "se" que são a fonte do medo que nós sentimos. "E se não der certo?" E se a gente descobrir que não tem nada a ver um com o outro?". Porque ao invés de fazer essas perguntas, não perguntamos: "E se tudo der certo?" " E se eu descobrir que ela(e) é o amor da minha vida?".

Faça um teste. Ao invés de perguntar "Por quê?", pergunte "Por quê não?". Você pode até quebrar a cara mais vezes, mas pode ter certeza que será muito mais feliz! Digo isso por experiência própria, de alguém que resolveu enfrentar seus medos.

Só mais um conselho: Carpe Diem! Aproveite cada momento como se fosse o último. Não deixe de fazer nada apenas por medo ou receio. Viva. E seja feliz!



domingo, 25 de novembro de 2007

Mudanças...

Você já reparou como as coisas mudam tanto em tão pouco tempo?! De uma hora pra outra tudo pode mudar, e se você não estiver atento, nem percebe. O tempo necessário pra ocorrer uma mudança dessas? Pode ter ocorrido enquanto você lia esse parágrafo, e você nem percebeu!!

Mas engana-se quem acha que mudanças são só mudanças. Elas transformam tantas coisas, que as vezes as mudanças viram algo permanente! Até é claro, mudarem de novo. Aí o ciclo recomeça.

Eu parei pra observar algumas dessas mudanças acontecendo durante um tempinho. E é uma coisa bem interessante pra se fazer, se você, assim como eu, não tiver nada melhor pra fazer! Por exemplo, nesse pouco tempo eu vi sentimentos mudando tão drasticamente, que é até difícil acreditar. Vi pessoas mudando totalmente de opinião e eu mesmo mudei a minha. Fiquei feliz enquanto tava triste e fiquei triste enquanto tava feliz. Eu mudei. Você mudou. Todos mudamos.

Bom, acho que é isso. Pelo menos até tudo mudar de novo. Se é que já não mudou e eu nem percebi! E se você não gostar, leia de novo outro dia! Quem sabe até lá sua opinião não muda?! Ou não... vai saber!!

domingo, 18 de novembro de 2007

Erros e Consequências...

Ele apenas observava as consequências de seu erro. Vê-la indo embora era talvez a pior delas. A cada passo que ela dava, ele sentia um pedaço dele indo embora. Ela estava cada vez mais distante, e ele, cada vez menos vivo.

Nem todas as palavras do mundo poderiam descrever o que ele sentia por dentro naquele momento. Ele já tinha cometido outros erros antes, mas nenhum com a importância desse. Talvez tivesse jogado fora a única chance de ser feliz em sua vida.

Cada centímetro que ela se afastava, o lembrava do quão idiota ele tinha sido. Cada centímetro que ela se afastava, o lembrava de que um erro pode por tudo a perder. Cada centímetro que ela se afastava, o mostrava que ele realmente a amava...

Não. Ele não ficaria olhando ela ir embora. Podia ser imperdoável, inesquecível, inexplicável, mas ele não ia deixar um erro acabar com a sua vida. Ele não deixaria tudo acabar sem ao menos lutar.

Ele correu atrás dela, como se o mundo estivesse acabando. E o mundo estava acabando, ao vê-la ir embora e deixar pra trás todos os sentimentos que uma vez sentiu. Nada mais fazia sentido sem ela ao seu lado.

Ele correu. E correu. E correu. Olhos nos olhos. Nenhuma palavra poderia explicar aquele momento. Olhos nos olhos. Ele já tinha dito tudo e ao mesmo tempo não tinha dito nada. Olhos nos olhos. Era sua última tentativa e ele não ia joga-la fora. Olhos nos olhos. Ele realmente a amava...

Fim (Ou talvez só o começo...)

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Hábitos...

Ela sentou na habitual fonte, na habitual praça. Ela já se acostumara com essa cena. Ficar sentada observando a água em um movimento quase mecânico enquanto formulava teorias "malucas" sobre a vida já fazia parte de seus dias. E ela não reclamava disso. Aliás, ela nunca reclamava de coisa alguma.
Ninguém nunca falava com ela. Talvez fosse o seu cabelo pintado de azul, talvez fossem suas roupas pretas, o fato é que as pessoas pareciam ter medo dela. Mas ela não ligava pra isso. Sempre achava defeitos demais nas pessoas pra manter uma conversa por algum tempo. O fato é que ela era uma pessoa solitária. Até demais.
Segundo sua própria concepção, era a melhor maneira de evitar decepções. Se ela não esperasse nada de ninguém, ela não teria com o que se decepcionar. Por isso ela afastava qualquer pessoa e continuava fechada em seu próprio "casulo", protegida de tudo e de todos.
Provavelmente esse jeito fechado foi consequência da infância cheia de decepções. Ou talvez da família problemática. Do pai bêbado ou da mãe que insistia em manter as aparências enquanto o mundo ruia atrás dela. O fato é que tudo estava funcionando perfeitamente da maneira como estava. Ela não precisava de mais ninguém além dela mesma. E de seus cigarros.
Ela pegou um cigarro do maço guardado no bolso de sua jaqueta e o acendeu. Ela repetia esse gesto desde os 16 anos de idade, e nunca se cansava. Quando ela acendia seu cigarro, tudo a sua volta parecia desaparecer, e a única coisa que importava era o movimento quase ritualístico de fumar seu cigarro. Foi a maneira que ela encontrou de fugir de tudo por alguns minutos.
Só que dessa vez algo a tirou da sua fuga. Um toque sutil de uma bola em seus pés a fez sair de seu mundo por um instante. Uma figura vinha se aproximando, em direção a bola, e parou a alguns metros dela:

- Moça, você pode me devolver a bola?


Não se sabe foi a maneira que a pequena garota falou com ela, sem medos e sem receios, que a fez ficar desse jeito. Talvez a pele branca como papel, e os cabelos pretos encaracolados a tivessem feito lembrar de sua infância. Mas acontece que ela simplesmente ficou parada por alguns instantes, observando a menina.

- Moça? Você pode me devolver a bola?

- Ahn?! Ah sim, claro. Toma.

Ela chutou a bola para a menina, ainda sem acreditar direito na cena. Fazia tempos que ela não via alguém sem receio de se aproximar dela. Fazia tempos que ninguém se aproximava dela sem a julgar pela aparência.

- Obrigada! E moça... você deveria parar de fumar! Cigarros fazem mal pra saúde!!

"Quem essa menina pensa que é pra me dar conselhos?? Mal saiu das fraldas e acha que sabe alguma coisa do mundo?"

- É, eu sei. Obrigada pelo conselho.

Ela viu a menina se afastando aos poucos, erguendo a bola para os amigos como se fosse um trófeu conquistado com muito esforço. Aproximou seu cigarro da boca, mas parou na metade, olhando pra ele. Observou-o por alguns segundos, e voltou seu olhar para a menina, que já estava na companhia de seus amigos, brincando com a bola.


- Filha da mãe...

Apagou seu cigarro, levantou-se lentamente e foi embora, com um sorriso no rosto. Pelo menos por hoje, ela não ia fugir...