sábado, 16 de fevereiro de 2008

O destino da solidão... Ou a solidão do destino...

Todas as noites, no mesmo banco no canto do balcão, com a mesma dose de whisky e o mesmo olhar pensativo. Ninguém sabia seu nome, o que fazia ou de onde vinha. Era conhecido como Solitário mas acho que em sua solidão, ele estava melhor acompanhado que a maioria de nós.

Nos primeiros meses, todos se indagavam quem seria o misterioso homem. Mas com o passar dos anos a sua presença e os seus motivos deixaram de ser assunto. Alguns achavam que ele escondia um passado terrível. Outros, que ele tinha medo do futuro. E outros simplesmente nem ligavam pra ele.

Em todos aqueles anos, o Solitário só falara 2 vezes. Na primeira vez que chegou, que me pediu uma dose de whisky, e alguns anos depois, com uma mulher que queria fazer-lhe companhia.

Fora um fato curioso. Me lembro daquela noite como se fosse hoje. Tudo parecia no lugar, os bêbados discutindo, os rapazes na sinuca e ele mais uma vez estava entretido no seu silêncio. Até a aproximação dela...

O perfume era doce demais, e a maquilagem mais do que necessária. Mas ela era uma mulher bonita. Bonita o suficiente para não esperar esquivas ou rejeições, de quem quer que fosse. Ela ia se aproximando lentamente, tentando puxar assunto, tentando fazer ele esboçar qualquer reação. O mistério em torno dele o tornava um objeto de desejo para ela. Mas a única coisa que ela conseguiu fazer (e já foi mais do que qualquer outro jamais conseguiu), foi ouvir:

- Não tire minha solidão se não conseguir me oferecer uma companhia que realmente valha a pena...

Foi um momento único, e como todos os momentos únicos, nunca mais se repetiu. E não era preciso. A cara desconcertada dela, e a expressão imutável dele mostravam o contraste de valores da situação para cada um deles. Para ela, uma ofensa fatal. Para ele, era como se nada tivesse acontecido.

E os anos foram passando. Os traços da idade apontavam gradativamente em meu rosto, mas ele parecia ser imune as areias do tempo. Os anos passaram e ele não mudara nada, sempre com a mesma expressão, com a mesma dose de whisky e com o mesmo olhar pensativo.

Confesso que eu sentia um afeto quase fraternal pelo Solitário. Afinal, após vários anos de "convivência", a gente acaba se preocupando com as pessoas, por mais distantes que elas pareçam estar. E foi por causa disso que eu senti como se tivesse perdido um irmão quando ele simplesmente desapareceu.

A opinião geral é que ele morrera no trajeto pra casa. Outros, mais criativos, dizem que seu passado terrível fora descoberto e ele teve que ir embora. Uns dizem que finalmente o destino o encontrou.Mas eu prefiro acreditar que ele finalmente foi de encontro ao seu destino. E torço com todas as minhas forças que ele o tenha encontrado...

17 comentários:

Anônimo disse...

Nussa que me da agonia esses misterios,kk
Conheço uma pessoa que sumiu assim...
da mesmo curiosidade em saber que fim levou.
Bacana o texto.

Blog Em Construção disse...

Li o texto e gostei das descrições do espaço e as reações.
Gostei do texto,acho que existem pessoas que desaparecem porque simplesmente encontraram um caminho,e então já não nos pertencem mais...Pelo menos não no campo vísivel,porque em nosso interior sempre um resquício se guarda.
Bjsssssss!!!!!!
http://forazulcielo.blogspot.com/

Denise Machado disse...

Rafael, vim aqui uma vez e briguei com vc, queria ler postagem nova! Repito: vc não tem o direito de nos privar dos seus textos maravilhosos... Fiquei abastecida com esse que li agora e não esperava menos, vc é fantástico!

Guilherme SanPer disse...

mtooo bom otexto

muchooooooooo loco manooooooo

shauhasuhasusha gostei do blog

c kiser passa nu meu


http://ehtudoloco.blogspot.com

BLOGDOED disse...

Teu texto me lembrou Bukowiski e seus bêbados fracassados.

Gostei,

Arthur Lopes disse...

Tá ficando chato já,soh escreve texto bom kra,escreve algo ruim pra eu falar mau d vc aqui,por enquanto tá dificil
tah escrevendo muito!
abraçoo

André Filipe disse...

Belo texto!
Parabéns ;]

Tá nos favoritos já!

Daniel Augusto disse...

ahuhuahua...achei o texto interessante...muito bom!

treine e cada vez mais seus textos estarão melhores!

^^'

bye

Lihh disse...

parabens cara vc escreve muito bem
tem muita emoção seus textos

qm sabe um dia vc podera escrever um livro?!?!?!

t+

Unknown disse...

Muito o bom texto! Tem sentimento!
Parabéns!

http://maynabuco.blogspot.com

Anônimo disse...

Só tenho elogios a fazer, como sempre.. Está cada vez melhor, mas vale destacar que o copo de whisky é indispensável nos textos! Hahaha.. ;)
Continue assim...
;******

marina. disse...

Eu acho que existe uma rande possibilidade de ele ter morrido de cirrose. (Y)

Liz / Falando de tudo! disse...

Caçando comentarios...rs...rs...
é simples, veja como eu faço, eu dou uma "olhadinha" no teu blog, gosto, entao deixo um comentario, nao importa o que, pode ser até textos copiados, pra ficar mais rapido! Ai então se você me responde, volto aqui, dou uma "olhadona", e então a gente acaba se linkando...ou não!
Venha me visitar, seras muito bem-vindo!

Anônimo disse...

esse � o meu preferido de todos que vc j� fez.
=)

Denise Machado disse...

Tem dois selos pra vc lá no
www.miraverde.blogspot.com

E uma homenagem em vídeo no Vírgula!
Beijinho.

Tiago Cardoso disse...

Muito bom!!!
Dispensa outros comentarios.
Parabéns!

Vlw!!!


PS: Vc eh escritor (tirando o blog)???

http://jukeboxmix.blogspot.com/

Giovana Vincenzi disse...

Concordo com o pessoal do "Vírgula antenada" que vc não pode privar o mundo dos seus textos maravilhosos!!

Esse é mais um deles!!!

Seu talento é único, cara!!

Parabéns MESMO e fico MUITO honrada com as suas visitas ao Blog do Barzinho... e mais ainda pelos 2 selos!!!!! :o)

Beijão!