terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Nostalgia...

Se é verdade que nos seus "minutos finais" você vê a sua vida toda passar como um filme através dos olhos, então esse momento chegara. Não que ele quisesse partir, mas ele já não tinha a força (e nem a determinação) necessária pra ficar. Mas ao contrário do que pensavam, ele não se incomodava nem um pouco com isso.

Em números, ele tinha vivido pouco, é verdade. Mas tinha vivido cada pequeno momento, cada segundo de sua existência de uma maneira tão intensa, que era um grande equívoco dizer que ele vivera pouco. Em pouco tempo, ele vivera muito.

E o filme começava como aqueles filmes infantis, com ele no auge de seus nove anos, correndo atrás do cachorro, no quintal (e que quintal!) da casa dos avós maternos. A goiabeira em que ele costuma subir pra roubar as frutas e se deliciar durante toda a tarde ainda estava lá. E que saudade daquela goiabeira. Ou melhor, que saudade daquela infância!

A próxima cena do filme já era aquele clássico clichê de filme adolescente norte-americano. Os tempos áureos do colégio (de freira, é lógico), em que nada mais importava além das garotas. E com as primeiras paixões, vieram as primeiras decepções, os primeiros porres e os primeiros (de muitos) recomeços. E estava tudo novamente ali, na sua frente.

Cada momento importante vivido estava agora ali, na sua frente, naquela película imaginária a qual somente ele era capaz de ver. E a trilha sonora desse filme só era atrapalhada pelo som ritmado que vinha dos aparelhos. E que aos poucos iam diminuindo o ritmo.

Os presentes naquele momento, vez ou outra também estavam presentes no seu "filme" (e ele não entendia até agora como teve coragem de usar aquele cabelo!). E talvez, mais tarde, eles se encontrassem novamente, num remake ou numa continuação daquele filme biográfico. Mas saber que as pessoas que realmente importavam pra ele estavam presentes em momentos igualmente importantes já era satisfatório o suficiente.

E aos poucos, a sua viagem ia chegando ao ponto final (ou talvez ao ponto de partida!). Os compassos ritmados de seus batimentos cardíacos eram cada vez mais lentos. E o sorriso em sua face, cada vez maior. Ele partia, mas partia feliz.

O momento nostálgico havia chegado ao fim. Talvez o "fim" fosse só o começo. Talvez agora, ele pudesse subir novamente naquela velha goiabeira da casa dos seus avós maternos, da qual não restava nem um tijolo. A única certeza naquele momento, era que ele partia com a sensação de dever cumprido.

O som dos aparelhos havia parado. O último acorde da sua orquestra vital acabara de ser tocado. As lágrimas rolavam pelo quarto. O único sorriso naquele momento, era dele.


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Aproveitando o post pra agradecer a Denise que me mandou esses 2 selos pro meu blog! E indicar mais 3 que valem a pena!

Vírgula Antenada
Arthur Lopes
Blog do Barzinho








E mandar meus sinceros agradecimentos pra todos que visitam essa budega aqui! Que sem vcs isso não ia pra frente! Valeu!

25 comentários:

Arthur Lopes disse...

mto bom texto rafael puime
sem mais delongas porque tenho q ir pro trabalho
abraçoo

Denise Machado disse...

EU AMO ESSA BUDEGA!
Obrigada pela indicação, LINDÃO.

Denise Machado disse...

Falando do conto...

elicioso de ler, amedrontador, acho que por ter um sentimento leve, calmo e resignado. Estou abismada com seu talento para descrever uma cena, já tão falada por tantos, de forma nova, que prende e lotada de poesia. Quero ler esse conto em um livro seu, quero muito.

Nelson L. Rodrigues disse...

muito bom os textos. Todos!!

quanto ao blog esta muito simples, organizado.

boa sorte

Camila Bellon disse...

nossa, tô revivendo minha infância num pé de goiaba, lendo seu texto.
muito bom.
nostalgia às vezes é uma coisa ótima, quando se teve experiências boas as quais lembraremos sempre =)

Amanda Guerra disse...

acho que o sonho de todos, é nos seus minutos finais, assistindo ao filme de sua vida, poder morrer com um sorriso nos lábios.

belo texto, parabéns.

Tiago Cardoso disse...

Bixo, eu queria ter um pouco da sua intuição pra escrever. Meu vei, ñ sei o q ta esperando pra começar um livro.

Qm me dera ter um pouco deste felling...

Parabéns!!!!

http://jukeboxmix.blogspot.com/


PS: Espero seus comentarios em meus textos. Vlw.

Tiago Cardoso disse...

Vlw Rafa... eu qro fazer um bannerzinho pra galera colocar como link mas o problema eh q ñ sei como....
hehehe

Otra... quero colocar uma imagem como link da comuna no orkt... sabe como faço???


E me avisa qnd tiver escrevendo um livro...

hehehehhe

Tiago Cardoso disse...

http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=44231900


Tinha esqcido....

(desculpe encher seu espqço com "inutiidades") :D

Henrique Monteiro disse...

Eu raramente leio um texto duas vezes.
Faço isso quando não entendo, ou quando gosto muito.
Acredite, neste caso foi a segunda opção.

Sinto saudade de algumas épocas da vida, mas não quero assistir ao meu filme nem tão cedo.
E tomara que quando isso ocorrer, eu também tenha um belo sorriso nos lábios.


Abç.
www.henriquem.blogspot.com

MãE dE QuEm?? disse...

Muito bom o texto, emocionou de verdade aqui!!!

●E.Ð.­Э.Я● disse...

LI E RELI PRA ENTENDER BEM E GOSTEI BASTANTE

VC QUE ESCREVE? OU PEGA DE ALGUM LUGAR?

SE QUISER PASSA NO MEU LA TBM

http://ltda-me.blogspot.com/

ABRAÇOOSS

Meg disse...

ADOREEEEEEI!!!MUITO BOM, PARABÉNS E MUITO SUCESSO!

Fred Schubert disse...

é se for assim não é tão ruim morrer porque reviver seus momentos bons é muito legal, os ruins nem tanto.mas gostei do texto bem feito se foi vc que fez tá excelente e se tiver pego de algum lugar boa escolha.

Anônimo disse...

A qualidade deste texto é simplesmente inquestionável... A nostalgia é uma sensação fonte eterna de inspiração; e você sabidamente capturou as palavras e com maestria arrumou-as numa disposição tal, que fez este pobre leitor aqui ficar maravilhado enquanto as palavras dançavam em sua mente! Altamente lírico...
Gostei do seu blog.

Cordiais abraços do amigo Lucas Queiroz – Wuoy vooM

Giovana Vincenzi disse...

Nossa... esse me fez chorar!!!!!

Maravilhoso!!!!!!!!!

Fermina Daza disse...

Vou te confessar uma coisa: esse filminho ai passa na mente da gente tb quando a gente acha que vai morrer.
Já passei por um situação complicada, em que o tal filminho passou na minha frente.
Mas olha ai: tô viva! hehehe

Belo texto
Passarei mais vezes

Anônimo disse...

Diria a Wikipédia: "Nostalgia descreve uma sensação de saudades de um tempo vivido, frequentemente idealizado e irreal"


Mas para quem sente ,,o que é nostalgia?


bom, cada um tem seu passado,,então não seria quase impossível desterminar o que é nostalgia.


O ruim de tudo é que só paramos para assistir esse filme quando a nossa vida esta por um fio, e esta a ser cortado. Então vemos nele tudo, e o mais estranho esse não é um ilme só de ação ou ficção. Ele é um filma que engloba ação, ficção, romance, comédia tragedia...
beijos

Anônimo disse...

nostalgia!!
heheh, texto que começam com esse titulo são seempre bons!!!

Puii, já eh hora d começar a providenciar o livro garoto ;)
hihihi

Beeijãão!!
E como sempre, tah d parabens!!
hooho

Davi Arloy disse...

É isso mesmo cara! O amor enche o saco as vezes! Mas o que que a gente faz né?! Não vivemos sem ele ... rs

E quanto ao seu post, a parte 'era um grande equívoco dizer que ele vivera pouco. Em pouco tempo, ele vivera muito.' resume o blog e o post.

Muito bom.
De verdade.

Que todo mundo possa viver tão pouco quanto esse daí.

Abs

Unknown disse...

Sabe o que é bom de verdade?
É não esperar os últimos instantes para assistir esse filme.

Quanto ao tempo de vida, a base do cálculo não são os anos e sim os momentos que rendem bos histórias.

Ah! Cada visita é uma enorme fonte de prazer!
Bjs.!

Arthur Lopes disse...

Vlw pela indicaçao puiii
abraçoo

Esther disse...

Demorei um pouco pra entender mas entendi. E gostei. Eu amo a palavra "nostalgia".
Beijos, e visita meu blog tá?!

Denise Machado disse...

Rafinha, indiquei vc de novo!

Anônimo disse...

Demorei um pouco pra ler ( ler com sono é dificil meu.. )

Mas o texto é bonito ( raramente leio esse tipo de blog )