segunda-feira, 30 de março de 2009

Pensamentos...

Eu me lembro bem da primeira vez que a vi. Seu olhar, o qual se mostraria diversas vezes perdido, transmitia uma sensação de segurança e satisfação de estar no lugar que estava. Orgulhosa de si, de suas conquistas e das recompensas que elas trouxeram pra sua vida. Tudo parecia ter finalmente se encaixado naquela confusa e agitada vida.

A primeira impressão que ela passava era de ser uma mulher de personalidade forte, determinada, diferente de todas e orgulhosa disso. Provavelmente eram os cabelos que causavam essa impressão, em certas partes verdadeira, diga-se de passagem. Cabelos esses de um vermelho tão forte e intenso que assustavam ao primeiro olhar, mas apaixonavam aos olhares seguintes. Ela sabia disso e usava, mesmo que inconscientemente esse poder de atração, de Femme Fatale, ao seu favor.

Tudo, pela primeira vez em anos, parecia estar no lugar onde sempre deveria estar. As brigas de família já não tinham tanta importância quanto antes. As brigas com o namorado muito menos. Aliás, que namorado?! As cobranças, as pressões, o que antes a enchia de angústia, tinham dado lugar aquela sensação de segurança que ela transmitia no olhar. Tudo, pela primeira vez em anos, parecia estar no lugar onde sempre deveria estar.

Mas como nem tudo são rosas (mesmo que aquelas rosas combinassem com seus cabelos), aquela sensação de segurança ia dando lugar a dúvidas e incertezas. Aquelas velhas dúvidas e incertezas que a faziam querer fugir, de tudo e de todos e ficar, pelo menos por instantes, em um mundo só dela e de mais ninguém. Mais uma vez, seu mundo saia do lugar quando ela achava que a situação estava sob controle. E ela, mais uma vez, não sabia o que fazer.

E pensava. Pensava em todo o caminho percorrido. Pensava em tudo que vivera até aquele momento. Pensava no tempo que ela desperdiçara e no tempo que ela continuava desperdiçando. Fosse por falta de coragem de mudar ou mesmo por acomodação. Pensava na vida como um todo. E de tanto pensar, chegou a conclusão que tudo, mais uma vez, ia acabar em pensamento.